Sumário
Introdução
A psicologia do trader desempenha um papel crítico no sucesso ou fracasso no ambiente altamente desafiador dos mercados financeiros. Operar ações, moedas, commodities ou qualquer outro ativo não é apenas uma questão de análise e estratégias de mercado; é também um desafio contínuo de disciplina emocional, autoconhecimento e gestão do estresse.
Comportamentos como aversão à perda, excesso de confiança e até mesmo a incapacidade entendimento e gestão da tomada de decisão tem um impacto significativo nos resultados. Por isso, entender a psicologia por trás das decisões no trading é crucial para qualquer investidor que busca não apenas sobreviver, mas prosperar no mercado
Neste e nos próximos artigos, você aprenderá importantes fundamentos comportamentais do trading sob a ótica da neurociência. Verá os erros mais comuns e como evitar perdas relacionadas ao comportamento. Neste primeiro artigo vamos explorar os riscos associados ao Overtrading e como você pode evita-lo.
Overtrading
Overtrading é uma palavra em inglês que significa a execução de uma quantidade exagerada de operações financeiras, normalmente relacionado aos negócios em bolsa de valores. Este termo no português do mercado financeiro pode ser traduzido como DIA DE FÚRIA.
Se você que está lendo este artigo for um trader sabe que esta palavra poderia ser o nome de um personagem do tipo assassino em série de um filme de terror. Aqueles personagesn que estão sempre prontos para atacar o primeiro desavisado e indefeso.
Overtrading é o primeiro responsável pela saga ganha-ganha-ganha e… Perde tudo. Aliás, é dessa forma que ele faz seu show: quando você fica louco por algum motivo, ele vem, encosta e faz você pensar que está tudo bem. Que vai dar certo. Só mais um trade, é o último. Aí o trader entra no “modo automático” e o cérebro começa jogar pôquer com dinheiro dele.
Permitir este tipo de comportamento na mesa de operações é como aceitar saltar de um avião com um paraquedas, com 50% de chances de abrir ou não.
Só posso te dizer uma coisa: quando “o loucurão” começa, se a pessoa não tiver passado por treinamentos especializados, as chances dela se controlar depois que começa ficam muito baixas. Via de regra, o resultado é tão repetitivo que dá náuseas. Passa o tempo e a pessoa pode virar um trapo emocional (no melhor cenário) ou mais um número triste nas estatísticas do mercado.
A mensagem é clara: se não se preparar para ter estratégias automatizadas à prova de doidice com o mesmo afinco que se dedica ou já dedicou a estudar técnicas, o resultado pode ser desastroso. Como um trader, você certamente sabe o que significa a palavra desastre.
A história do overtrading
Esse termo foi originalmente usado pela Securities and Exchange Commission (SEC) (que é o órgão equivalente à CVM do Brasil só que nos Estados Unidos) para descrever o excesso de operações que os corretores de valores faziam em nome dos seus clientes para aumentar seus ganhos com a cobrança das corretagem.
Não preciso dizer que essa prática é abusiva e ilegal. A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) proíbe isso aplicando punições severas. Só que este termo foi exportado para os traders que operam seu próprio dinheiro, porém, é diferente daquilo que originalmente foi chamado pela SEC de overtrading.
No exemplo dos traders, trata-se de um excesso de operações disfuncionais na conta pessoal e feitas por ele mesmo, mas apesar de ser disfuncional, é quase um clichê de tão comum. E, pensando bem, também deveria ser considerada ilegal pela nossa Comissão de Valores Mentais.
Diz-se que o trader entrou em overtrading quando ele fez uma quantidade grande de operações normalmente no intradia. Uma quantidade fora do padrão normal dele. No entanto, a quantidade considerada excessiva precisa ser analisada levando-se em consideração o tipo de técnica operacional que o trader usa e o estilo da gestão de risco.
Nem tudo que parece ser é overtrading – precisa separar quantidade excessiva anormal da quantidade grande normal.
1º A técnica faz toda diferença
Existem diferentes tipos de traders no mercado financeiro. Alguns são conhecidos como Scalpers. Estes, são traders que operam com o objetivo de ganhar com variações muito pequenas nos preços dos ativos, por esta razão, dependendo do estilo, podem acabar fazendo muitas operações em um único dia. No entanto, se o trader está realizando este tipo de operação e se for analisado apenas pelo número de operações, não seria possível afirmar se ele está ou não em overtrading.
Por outro lado, há traders que tomam decisões fazendo análises de gráficos, análise macroeconomica etc… técnicas que se baseiam em cálculos de períodos maiores para o retorno esperado. Eles buscam oscilações de preços maiores, o que naturalmente pode resultar em menos operações, incluindo operações que podem durar dias. Nesse contexto, mesmo que esses traders comumente façam menos operações no seu dia a dia, não necessariamente significa que possam não estar em overtrading.
O fato é que a quantidade de trades é um número relativo e não absoluto. Uma única operação a mais pode ser considerada overtrading. Por exemplo, fazer preço médio contra a tendência é um tipo mascarado de overtrading, até mesmo o médio a favor, em alguns casos, pode também ser overtrading.
Do ponto de vista do neurotrading o que caracteriza o overtrading?
Resposta: O tipo e a qualidade do pensamento e das emoções subjacentes ao pensamento que motivaram a tomada de decisão e o descumprimento de regras preestabelecidas.
Do ponto de vista comportamental, trading é antes de tudo uma atividade totalmente dependente de regras preestabelecidas. É um mundo onde se o trader não consegue cumprir regras rigorosamente ele dificilmente performará. Portanto, não cumprir uma simples regra, é sim, overtrading. Mas, vou me fixar aqui neste artigo à loucura, ao dia de fúria. É sobre este evento quero falar.
Por que o trader entra em overtrading, segundo a psicologia do trader e da neurociência aplicada ao trading?
Segundo a Psicologia do Trader as causas do Overtrading o problema é multifatorial. Mas vou elencar 4 macro motivos que se relacionam diretamente com este comportamento. Escrevi macro motivos porque cada um deles é bem complexo e daria para escrever muito sobre cada um individualmente.
1 – Falta de conhecimento sobre a psicologia do trading e sobre o cérebro (neurociência aplicada ao trading) – Sem este conhecimento não se consegue fazer previsões de comportamento e de reações. Para o pensamento se estruturar a pessoa precisa de fundamentos teóricos. Quando mais fundamento teórico, mas ela se torna capaz de aceitar sugestões e técnicas. E, para falar sobre neurociência, psicologia e comportamento, para ser didática, contando a história de nós humanos.
A odisseia da nossa linhagem começou há 7 milhões de anos e a partir daí foi dando seus passinhos implacáveis. Mas, foi somente há 200.000 anos que a espécie batizada de sapiens (nós) surgiu. Na verdade, ela chegou chegando!
Desde então, a evolução caprichou, fez o que não foi feito em 7 milhões de anos: o cérebro e a estrutura óssea mudaram e a fala emergiu, com ela veio a escrita, a arte, a cultura, o pensamento pensado, o planejamento, a imaginação, as invenções tecnológicas em todas as áreas da vida. Ficamos muito poderosos. De quebra, exterminamos quem não era da nossa espécie, dominamos o planeta e nos tornamos os maiores predadores da terra.
Há 12.000 anos nos organizamos como sociedade mais ou menos do jeito como somos hoje. E foi neste período que criamos o que já podia ser considerado dinheiro. Tudo bem que nesta época o dinheiro era qualquer coisa que alguém tinha a mais que poderia ser trocada com alguém que tinha menos. E, durante muito tempo, a comida foi o dinheiro mais usado.
Cientistas como Jared Diamond sugerem que o advento da agricultura tenha sido o motor de propulsão nuclear para a revolução chamada dinheiro. Pois, foi graças a agricultura e pecuária que a sociedade começou ter coisas excedentes que poderiam ser trocadas. E, bastou surgir as primeiras formas de dinheiro que a nossa natureza psicológica sobre ele deu às caras junto. Desde sempre quem tinha mais queria mais e controlava quem tinha menos. Quem não tinha, tinha medo de não ter e, quem tinha, tinha medo de perder.
O enredo do filme você conhece: guerra, traições, violências, controle, excessos de todo jeito. Tudo em nome do vil metal. Bem, só virou metal mesmo uns 10.000 anos depois.
De 400 anos até a atualidade
O capitalismo avançou arrebentando qualquer teoria que se opusesse a ele. A primeira empresa de capital aberto em bolsa (A Companhia das Índias Orientais – VOC ) data de 1602. Podemos dizer então que a partir de 1602 surgiram os primeiros traders financeiros do mundo. No século XVIII a Europa tinha um mercado financeiro pujante, com uma constelação de empresas de capital aberto e um mercado de opções consolidado. Ou seja, muita especulação.
Apesar da tissunâmica expansão do capitalismo e do mercado financeiro, pouca produção científica foi desenvolvida sobre os aspectos comportamentais relativos às relações com dinheiro, como, por exemplo, consumo, poupança e sobre os aspectos da psique humana no que se refere ao dinheiro.
Os estudos desta natureza foram durante muito tempo objeto de pesquisa da economia que desenvolveu elegantes modelos para demonstrar o comportamento do consumidor e suas relações com risco e retorno de investimentos e de consumo. Mas, os modelos econômicos capengavam quando postos à prova pela pesquisa empírica. São elegantes, mas não demonstravam o comportamento humano. A coisa era tão enviesada que os economistas tiveram que inventar uma espécie nova: o homo economicus. Uma espécie fictícia que não se comportava como o homo sapiens, mas se encaixava nos modelos matemáticos. Uma solução criativa, mas não resolvia o problema.
A psicologia moderna
Até 1900 o estudo do comportamento não existia como ciência e o que se sabia sobre o cérebro era que ele tinha um certo grau de importância para o controle do corpo. O Comportamento em si não era algo explicado pela biologia ou pelo cérebro e sim pela religião. Depois de Freud e seus sucessores o conhecimento sobre a psicologia humana tornou-se sistematizado e organizado.
A escola da mente dava seus primeiros passos mesmo sem, no início, vestir uma roupagem científica. Foi na década de 50 que o estudo do comportamento adotou uma postura experimental baseada na biologia. Skinner foi um dos principais cientistas desta nova corrente de pensamento.
Na década de 1970, a psicologia cognitiva, uniu-se à neurociência, a ciência do cérebro, para formar a neurociência cognitiva, uma disciplina que introduziu métodos biológicos de exploração dos processos mentais na psicologia cognitiva moderna.
Na década de 1980, a neurociência cognitiva recebeu um enorme impulso das técnicas de imageamento cerebral. Essas técnicas possibilitaram aos cientistas realizarem o sonho de visualizar o interior do cérebro humano e observar a atividade das suas várias regiões.
1980, a neurociência cognitiva incorporou a biologia molecular, o que resultou numa nova ciência da mente — a biologia molecular da cognição, que nos permitiu explorar em nível molecular nossos processos mentais: o modo como pensamos, sentimos, aprendemos e lembramos. (Kandel, Eric R.)
O estudo do comportamento relativo às relações com dinheiro ficou atrás do desenvolvimento do capitalismo até praticamente a década de 80. Somente há 40 anos que tudo começou mudar e no Brasil a coisa foi mais tardia ainda.
Enquanto na Europa o mercado financeiro bombava para as pessoas físicas comuns desde 1602, no Brasil o acesso ao mercado de ações e moedas pelas pessoas físicas em geral só aconteceu 400 anos depois.
Está certo que a Bovespa (antiga B3 sem a BMF e cetip) tem aproximadamente 100, mas o acesso ao mercado era feito por poucas pessoas: as que tinham mais dinheiro e acesso. Diferentemente dos EUA o brasileiro não é educado desde pequeno a investir no mercado de renda variável, sobretudo em instrumentos de renda fixa menos ortodoxos.
Não houve no início do nosso capitalismo este tipo de educação financeira. Talvez por isso, desde sempre e até os dias atuais, a poupança do brasileiro está, literalmente, na poupança.
Quando as coisas começaram a mudar?
No Brasil as pessoas físicas, em geral, começaram a descobrir o mercado financeiro no início dos anos 2000, mas foi somente a partir de 2015 que começou o grande movimento de entrada das pessoas físicas. Não precisa fazer muita conta para perceber que estamos bem atrasados neste sentido. Se o atraso foi enorme para que as pessoas soubessem que existia um mundo chamado mercado financeiro, imagina então, saber que para transitar neste mundo precisa ter um tipo de mentalidade e de comportamento que ela nunca soube que era objeto de estudo da ciência.
As pessoas quando começam a empreitada no mercado financeiro investem um bom tempo para aprenderem sobre macroeconomia, microeconomia, sobre as várias escolas de análise de mercado.
Porém, a grande maioria não entende logo na largada (não por culpa dela) que assim como um atleta, o desenvolvimento de uma mentalidade de investidor (independentemente se é investidor de curtíssimo prazo ou longo) requer treinamento e conhecimento.
A pessoa comum não sabe que existem cientistas, e profissionais especializados apenas em entender e desenvolver mecanismos para ajudar as pessoas no tocante à lida com dinheiro.
Por isso, a falta de conhecimento que existe uma psicologia dos investimentos aliada à ciência do cérebro é um dos fatores que levam investidores a não procurarem treinamento prévio e nem a posteriori.
A falta de fundamentos mínimos sobre o funcionamento do cérebro em relação às emoções, impossibilita que a pessoa antecipe suas ações e reações.
Saber como uma reação ocorre pode ser o grande diferencial entre um ganhador e um perdedor. Tem uma frase que gosto muito: “não brinque com a natureza”.
No entanto, para ter sucesso, o trazer precisa conhecer a natureza!
2 – Falta de treinamento mental e ausência de autoconhecimento –
gerando incapacidade de autogestão comportamental. Ele fica vulnerável aos gatilhos operacionais (perdas e ganhos).
O trading é uma atividade solitária, mesmo que se esteja operando numa sala de trading, os mecanismos de tomada de decisões sempre acontecerão dentro de cada um – literalmente, operar é um debate contínuo da pessoa com ela mesma.
A neurociência da tomada de decisão diz que, racionalmente, a tomada de decisão deveria ser resultado unicamente da análise das informações que o trader está acessando naquele momento.
No entanto, na prática, a tomada de decisão é brutalmente influenciada por impulsos emocionais inconscientes, que por sua vez estão intimamente conectados aos vieses cognitivos que nós, humanos, carregamos em nossa bagagem genética.
Além disso, esses impulsos estão correlacionados com a história de vida da pessoa e com a história no trading.
Portanto, em vez de tomar uma decisão fundamentada, os traders que entram em overtrading estão geralmente cegos. Suas ações não são resultados da análise do mercado, mas sim, são influenciadas por processos emocionais mais do que por processos conscientes e lógicos.
Daí a importância do conhecimento extraído da psicologia do trader e da neurociência aplicada ao trading para fornecer técnicas que auxiliem no treinamento mental.
O mais interessante é que neste estado (quase de transe) o trader está tão inconsciente que muitos chegam a pensar que suas decisões (naquele momento) são lógicas e que ele está plenamente consciente do que está analisando.
A grande maioria só toma consciência do contrário quando termina o pregão e a emoção baixa. E aí a fala recorrente é: “onde eu estava com a cabeça, por que fiz isso?”
O que é muito interessante e nada incomum é que nem de longe essa reação é exclusiva dos traders amadores. É muito comum nos traders profissionais.
Porém, os traders profissionais normalmente são mais emocionalmente treinados, por isso, o fenômeno acontece de um jeito sorrateiro, mais sutil. Isso porque o diálogo interno deles é mais elaborado e eles possuem mais mecanismos de autocontrole.
Muitas vezes, estão inconscientes, mas sem uma resposta fisiológica exagerada. A emoção não está tão à flor da pele para eles. O trader iniciante, por outro lado, experimenta a tensão, o medo e a raiva, quase simultaneamente. Bem, o trading é desafiador em todos os sentidos (só quem opera sabe) mas, no que diz respeito à narrativa que fazem para si próprios, é um tipo atividade que incita dissonâncias cognitivas.
Ps. Sobre dissonância assiste a aula abaixo:
Segundo a psicologia do trader e a neurociência aplicada ao trading os fatores emocionais que desencadeiam esse comportamento insano podem ser muitos: ganância, pressa, medo de errar, medo de perder, medo do fracasso, tédio, etc. A verdade crua é que movidos por fatores subjacentes ao pensamento lógico racional os traders inventam cenários para entrar em novas posições mesmo quando não existe evidência alguma para operar.
As emoções que comentei acima não são a causa em si, uma emoção é uma resposta a algo que veio antes. Este algo é um gatilho do ambiente externo ou interno.
Imagine que o grau de intolerância à perda de um trader é 10, logo se ele erra este fato gerará nele uma resposta emocional maior do que no trader que tem tolerância 5(estes números são ilustrativos).
O gatilho inicial pode ser uma única operação errada para o primeiro trader. Se ele não for comportamentalmente treinado e não se conhecer este único evento pode deixá-lo reativo o suficiente para ser incapaz de trazer a consciência para a consciência.
A emoção que ele sente é raiva, inconscientemente é como se tivesse sido agredido. Então o overtrading é uma reação de luta para ele está lutando com alguém num nível inconsciente.
Quais os gatilhos que desencadeiam o dia de fúria no trading
Cada operador terá respostas mais ou menos acentuadas dependendo da sua história de vida e do mercado.
Mas, os impulsos que geram esse tipo de resposta comportamental são universais, o que vai diferir é que o timbre da música é percebido de modo particular. Os operadores mais agressivos, por exemplo, podem ter respostas mais exacerbadas dos outros. Os otimistas, o que são mais competitivos. Cada um responde de um jeito.
O processo começa com um gatilho do ambiente: leia-se o mercado.
1 – O Gatilho mais forte é ter ganho um determinado valor importante para a pessoa e devolver uma parte ou todo – Se ele tiver com lucro acumulado no dia ou no período ela tende a ter respostas mais agressivas;
2 – Outro gatilho é estar com lucro acumulado e operando bem – A tendência deste operador é cometer erros de quantidade de lote e de quantidade de operações;
3 – Outro gatilho que pode desencadear uma série de overtradings – é a competição com grupos ou traders próximos.
3 – Falta de conhecimento técnico e de gerenciamento de risco operacional. Desconhecimento técnico é desconhecimento das técnicas de análise. Muitos traders não sabem quase nada e vivem em overtrading porque acham que estão operando. Simples assim.
Imagine um destemido “Trader Bill”. Falaram para ele que ele só precisa comprar barato e vender caro. Fácil, não é mesmo? Até que ele olha para o gráfico e pensa: “Bem, quando romper essa linha o mercado vai subir…” e é aí que a aventura começa!
A leitura do mercado fica igual a ler um livro escrito em braile. Suas estratégias vão desde “comprar quando parece bom” até “vender se algo não parecer certo”. Vamos lá, quem precisa de análise profunda quando dá para usar o instinto e a coragem? Mas espere, tem mais!
A pessoa está tão ocupada nos seus pensamentos que nunca parou para procurar no dicionário o significado de duas palavras: risco + operacional.
O risco para este ser é como se fosse uma versão estapafúrdia de um game, ele faz malabarismo matemático para disfarçar os erros de compra e venda, vira gêmeo siamês da alavancagem que a corretora dá. E, de sobra, ainda tem o gato que decidiu pular no teclado no momento exato que ele ia zerar posição.
Você acha que eu estou zoando. Acredite, este filme existe.
Um aluno (que se tornou um grande amigo) Darlan Correia, certa vez num bate-papo informal comigo, citou uma passagem da biografia do livro do Phelps (nadador). Eu adorei a história que ele contou, é algo assim…
A forte segurança psicológica do Phelps em relação aos seus concorrentes baseia-se no fato dele se submeter a uma extraordinária e quase insana carga horária de treino. Ele fala, que quando pula na piscina e olha o concorrente ele pensa: “eles não treinaram como eu, eles estavam no Natal com a família, nos aniversários, nos feriados.
Pensando assim, na mente dele os concorrentes já estavam enfraquecidos, não tinham mais poder para interferir na sua psicologia. O medo vai embora.
É assim que você tem de sentir. Treinado o suficiente para não ter medo da parte técnica e treinado mentalmente o suficiente para saber num nível consciente e inconsciente de que é capaz de controlar cada comportamento, cada pensamento, cada impulso.
“Me digas como tu pensas que te direi quanto irás ganhar” – (Meu Neurotrading adagio preferido).
4 – Excesso de capital disponível próprio ou da corretora A alavancagem nos mercados futuros é mais ou menos como se a bolsa desse mais dinheiro aos traders do que eles podem operar, ou seja, mais contratos do que o capital disponível que eles possuem.
O trader precisa ter uma fração minúscula de um ativo para operar este ativo, mesmo se ele quiser carregar posição o valor ainda é pequeno.
Imagina algo que vale R$ 20.000 e tem oscilações proporcionais a R$ 20.000 e a pessoa só precisa de cento e poucos reais para operar este ativo.
É tentador não ter R$ 20.000 e poder comprar algo neste preço. Isso gera uma forte distorção na mente do trader que é não pensar em valor investido e sim em margem.
A margem é algo que ele pensa que pode perder. Uma forma de pensar que gera desapego em relação ao dinheiro que ele tem na corretora é uma falsa segurança de limite máximo de perda.
Plano de Trading: Teoria e prática sobre ele!
Imagine que você é um capitão de navio navegando nos mares ora turbulentos, ora plácidos do mercado financeiro. O plano de trading é basicamente o seu mapa de navegação. Ele detalha a rota que você planeja seguir, os portos onde vai ancorar e como vai agir quando as tempestades aparecerem.
No plano de trading, você define suas estratégias e regras. Usando outra analogia: é como definir o orçamento para a viagem, quanto tempo vai gastar em cada parada e até que ponto está disposto a arriscar antes de recuar.
É um roteiro que você escreve para se orientar enquanto navega pelo oceano de oportunidades e riscos.
Tudo perfeito, não é? Mas na teoria é bem diferente. A maioria não faz nem executa. Estou generalizando tem exceções, com até os extremos do desvio padrão.
Sobre exceções, inclusive vou dar como exemplo de exceção um aluno: Rodrigo Oliveira Furtado. Ele escreveu um plano de trading de 112 páginas, super detalhado. E, ele generosamente autorizou disponibilizar para vocês lerem. Vou deixar o link aqui embaixo:
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Porém, neste artigo quero falar da maioria, da galera não das exceções. Aliás, nem os virginianos e as virginianas se salvam quando o assunto é plano de trading. Mas, se você faz parte das exceções, não fique amuado não.
Como eu disse lá no comecinho: a maioria acha fundamental ter um plano, dizem que vão escrever e seguir, mas na prática não fazem nada. E, quando fazem, é para inglês ver. Verdade seja dita, nem inglês, nem soteropolitano, nem ele, nem ninguém vê. Fica lá em algum arquivo no notebook dele.
O porquê os traders não fazem um plano de trading formal?
Existem motivos óbvios do porquê o trader não se prontifica a fazer um plano de trading e tem motivos menos óbvios que diz respeito a sua individualidade, a sua história de vida etc.
Vou elencar alguns motivos simples e mais óbvios para falta de estímulo para fazer um plano de trading:
1 – Porque ele sabe inconscientemente que não vai seguir. Não faz para não se decepcionar consigo mesmo;
2 – Acha o mercado um lugar para improvisos pelo seu dinamismo. Regras não funcionam bem.;
3 – Preguiça mental e desorganização mental;
4 – Não tem a menor ideia do que é e como fazer e não tem estratégia.
Overtrading: Técnica de Ouro para evitá-lo!
Como dez em cada dez dicas sobre boas práticas de trading alguém vai dizer que você tem que ter um plano de trading. Então, já que a grande maioria quer fazer, diz que vai fazer, realmente acredita que precisa, mas, na prática não faz vamos fazer o que realmente eu sei que você pode fazer.
Se você quer ser emocionalmente resiliente, você terá que treinar ser mentalmente forte.
Do mesmo modo como se constrói força muscular, é preciso construir força mental. E, treinar a mente requer um compromisso brutal para criar hábitos e práticas de longo prazo. Num próximo post irei falar mais sobre este assunto. Só quero que você memorize uma coisa: você muda seu comportamento mudando o modo de pensar e você muda o modo de pensar treinando.
Como vai ser seu plano de trading…
O seu plano irá se transformar num documento de uma página apenas. Um acordo diário de você com você mesmo.
Trader, isso é um treino mental, você não vai fazer isso para o resto da vida, mas, terá que fazer por um tempo. Pelo menos 60 dias, pode ser?
O que eu quero é que você pense um dia cada vez. Então antes de começar cada pregão você vai definir o que você quer para aquele dia.
Pensar numa regra para um dia é mais fácil do que pensar numa regra para todos os dias. Você vai imprimir, preencher a mão e assinar os dias que for operar, durante 90 dias. O modelo está na imagem abaixo, mas se preferir clica no link e baixe o modelo em PDF.
IMAGEM
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Por que a gestão do risco precisa ser incorporada na vida do trader e porque ela não é!
A gestão de risco é fundamental para qualquer atividade financeira, e o trading não fica de fora. Prever risco envolve a implementação de estratégias contábeis que visam proteger o capital do trader que ele já ganhou ou se é iniciante o capital que ele trouxe para o mercado. O princípio básico é sempre proteger o capital.
A gestão do risco precisa ser incorporada na vida do trader!
O que acontece na prática é que a maioria não incorpora no seu dia a dia nem o conceito, nem a psicologia por trás da gestão de risco.
Por que a gestão de risco nem sempre é incorporada:
Falta de conhecimento: muitos traders podem não entender totalmente os conceitos técnicos de gestão de risco e como aplicá-los efetivamente. Isso sempre leva a decisões imprudentes do ponto de vista contábil e exposição excessiva ao risco.
Ganância: A ganância é um fator que pode levar os traders a assumirem riscos maiores do que deveriam. A falta de percepção de longo prazo praticamente reduz a poucos meses a vida útil do trader iniciante.
Medo de perder: em momentos de volatilidade contra ou perdas, as ações instintivas como, por exemplo, dobrar lote acontecem de modo quase incontrolável para alguns. Se o operador não tem treinamento, ele sucumbe a aumentar a quantidade para recuperar mais rápido o que perdeu.
Quando, na prática, ele deveria reduzir. Mas impulso é a natureza falando a língua dela. Um dos axiomas que postulo no Neurotrading é: não enfrente a natureza. Se tentar perde.
Otimismo disfuncional: quando os traders estão em uma série de trades bem-sucedidos, eles tendem a se sentir invulneráveis e ignorar os princípios básicos de risco. O otimismo disfuncional também vem travestido de pensamento positivo de torcida quando ele muda o lote para maior no impulso de recuperar uma perda.
Pressão social: A pressão psicológica para ter resultados imediatos e compartilhar sucessos nas redes sociais ou com seu ciclo pessoal, ou com traders próximos, certamente pode levar a assunção de riscos imensuráveis.
O diário de trades funciona para evitar o overtrading?
A resposta direta é não. O diário de trades tem algumas funções importantes, mas não para evitar o overtrading. Overtrading é uma resposta automática e instintiva. Tem relação com aspectos inconscientes muito fortes e com aspectos conscientes. Conscientemente todo trader sabe que não deve permitir, mas ele não controla.
Na verdade, para controlar precisa de estratégia e treino comportamental. Cada pessoa também terá suas particularidades e elas precisam ser respeitadas.
Dicas para evitar o overtrading
Acima no tópico eu te dei um treinamento, agora vou sugerir camisas de força como coadjuvante se você achar que é válido para o seu caso. Dica é dica. São camisas de força que pode ser usadas quando a pessoa não acredita que poderá lidar com seus instintos e pensamentos. Aconselho no início usar. Somente depois de 24 meses sem ter um dia de fúria você pode relaxar.
– Se comprometer com a esposa ou com o parceiro trader – Preste contas para alguém que você se importa e que você sabe que se importa com você e que direta ou seria indiretamente afetada pelos seus resultados.
– Criar uma punição para o não cumprimento e peça para a pessoa aplicar – Uma punição é algo que doí – Instância a vergonha.
– Usar os bloqueios do gerenciador de risco do profit pro Nelogica e dar a senha para o companheiro e acompanhei
O gerenciador de risco da Nelogica é uma camisa de força.
Através das funcionalidades deste sistema você bloqueia na força bruta, ou melhor, na força dos bytes coisas que não faz sozinho(a):
– Mercado abaixo do preço médio;
– Bloquear Perda Total do dia;
– Bloquear Ganho Total;
– DrawDown (queda do valor em relação a seu lucro máximo);
– Número de perdas consecutivas;
– Número de operações fechadas;
– Bloqueio por horário.
Mas lembre-se, cada vez que você usa, é como se estivesse dizendo para sua parte inconsciente de que não é capaz de fazer sozinho. Saiba que tem sequelas também. Porém, é mil vezes melhor configurar e usar o sistema do que perder o controle total.
Considerações Finais
Trading é um jogo interno. O maior treinamento de todos é a atenção a cada instante aos seus pensamentos não editados. Isso é para o trading e para a vida.
De acordo com a Psicologia do trader e a Neurociência – o trader está vulnerável ao Overtrading.
É necessário treinar a honestidade com você mesmo sobre o que está sentindo, mas você precisa aprender a fazer isso em tempo real. Esta ideia aparentemente tão elementar pode ser catastroficamente mal-entendida ou, pior, negligenciada.
Eu imagino que após ler a frase que acabei de escrever você pode estar pensando: “Ah, eu me sinto bem sincero(a) sobre como eu me sinto o tempo todo”…
No entanto, eu estaria disposta a apostar com você que você não é tão transparente em relação às suas emoções – como você talvez acredite. Especialmente sobre aquelas que acontecem no pregão. Não estou dizendo que está mentindo, mas sim que muitas vezes conta histórias para você mesmo, num processo inconsciente para aliviar o desconforto causado.
Será que está realmente consciente sobre como se sente? Por exemplo, você acabou de estopar.
Em algum nível vago, superficial ou brutalmente consciente, você deve saber ou sentir que está chateado.
Mas que tipo de pensamento de fato está tendo? Que histórias está contando para si. Consegue esmiuçar as emoções que você está sentindo?
A menos que esteja com um profissional de comportamento especializado em mercado financeiro do seu lado – ou é um trader que já tenha investido muito em treinamento, sessões e tenha muita experiência de mercado, pode ser improvável que realmente entenda como está se sentindo num nível mais profundo e o mais importante, que consiga controlar os impulsos subsequentes.
Quero encerrar este artigo dizendo que trading é difícil, sim, mas é possível. Se alguém no mundo faz você também pode fazer. Pode acreditar com todas as forças.
Quando você entender a lógica e treinar verá que é infinitamente mais fácil do que pensou. Mas, não significa que operar é natural para o cérebro humano, porém, essa máquina biológica esculpida pela mãe natureza que você tem aí em cima do seu pescoço é a máquina mais poderosa e com a maior capacidade de se adaptar, mudar, aprender e fazer você agir.
Você só precisa conhecer seus princípios e aprender a usá-la!
Danielle Gurgel
Mentalidade de um Trader Vencedor
Neste artigo Danielle Gurgel conversa sobre a personalidade de um trader de vencedor
Série Psicologia do Trader: Overtrading
Sumário Introdução A psicologia do trader desempenha um papel crítico no sucesso ou fracasso no ambiente altamente desafiador dos mercados financeiros. Operar ações, moedas, commodities ou qualquer outro ativo não é apenas uma questão de análise e estratégias de mercado; é também um desafio contínuo de disciplina emocional, autoconhecimento e gestão do estresse. Comportamentos como…
Como lidar com a preocupação?
A emoção é parte integrante do processo de raciocínio de todos os humanos. Ela funciona como um auxiliar nesse processo em vez de “perturbá-lo”, como se costumava achar.
Viver de Trade é Possível?
Viver De Day Trade é possível? Se você está lendo este texto, deve ser porque já vive de day trade ou essa ideia poder estar passando pela sua cabeça. Se é realidade ou projeto, certamente, já elencou algumas pressuposições sobre se é possível viver de day trade. Provavelmente já fez análises e considerações sobre risco,…
Como Controlar O Emocional No Trade
A emoção é parte integrante do processo de raciocínio de todos os humanos. Ela funciona como um auxiliar nesse processo em vez de “perturbá-lo”, como se costumava achar.